Entre os dias 6 de fevereiro e 30 de abril, uma grande operação interagências foi realizada na Terra Indígena Araribóia (TIARA), no Maranhão, com foco na retirada de invasores e no combate a atividades ilegais dentro do território. A ação faz parte do Plano Operacional Integrado de Desintrusão da TI Araribóia, aprovado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por meio da ADPF 709.
Com cerca de 413 mil hectares, a TI Araribóia abrange seis municípios, com predominância em Amarante do Maranhão. A área abriga mais de 10 mil indígenas das etnias Guajajara e Awá (estes últimos em isolamento voluntário), distribuídos em 223 comunidades, segundo o Censo 2022.
Durante quase três meses, foram realizadas ações como remoção de ocupações ilegais, destruição de maquinários de serrarias clandestinas, retirada de gado solto, cumprimento de mandados de prisão e reforço na fiscalização dos limites do território. Também foram instaladas barreiras para dificultar a logística de atividades criminosas na região.
Apoio logístico e presença militar
A operação foi coordenada pela Casa Civil da Presidência da República e contou com o apoio logístico do Exército Brasileiro. Duas bases foram montadas: uma em Imperatriz (no 50º Batalhão de Infantaria de Selva) e outra em Arame, na escola municipal Expedito Piloto, cedida pela prefeitura. Essa última funcionou como centro logístico avançado, sob comando da 22ª Brigada de Infantaria de Selva e do 24º BIS, com coordenação geral baseada em São Luís.
Durante a operação, o Exército forneceu infraestrutura para alojamentos, alimentação, segurança, manutenção de veículos, atendimento médico e apoio à atuação das agências envolvidas. Em 65 dias de operação em Arame, foram servidas mais de 24 mil refeições e realizados atendimentos médicos para 276 pessoas — entre agentes públicos e moradores da cidade.
Participaram da operação diversas instituições federais, como Ministério da Justiça, Ministério da Defesa, Ministério dos Povos Indígenas, Funai, Ibama, AGU, Polícia Federal, Força Nacional, PRF, além de órgãos como Incra, Censipam, Abin, entre outros.
Desmobilização e ação social em Arame
Com o encerramento da operação em abril, o Exército iniciou, a partir de 1º de maio, a fase de desmobilização e recuperação das estruturas utilizadas. Como forma de retribuição à comunidade local, uma Ação Cívico-Social (ACISO) será realizada nos dias 14 e 15 de maio, na escola Expedito Piloto — que ou por uma reforma completa e será devolvida à população de Arame.
A programação do ACISO inclui atendimento médico e odontológico, vacinação, testes rápidos, palestras de saúde, e apresentações da banda do 24º BIS. A entrega oficial da escola acontecerá no dia 15, às 8h, em cerimônia conduzida pelo comandante do batalhão, tenente-coronel João Carlos Duque, com presença de autoridades locais.
Sobre o 24º BIS
O 24º Batalhão de Infantaria de Selva, com sede em São Luís há 155 anos, é subordinado à 22ª Brigada de Infantaria de Selva, com base em Macapá. A unidade tem papel estratégico no apoio a operações conjuntas na Amazônia Legal e atua frequentemente em missões de garantia da lei e da ordem, ajuda humanitária e apoio à proteção de territórios indígenas.